Brasil consolida novo Centro de Pesquisa na Antártica
- Juliana Cini
- Mar 7, 2016
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Projeção da Estação Comandante Ferraz - Imagem da internet
A mais nova base de pesquisa do governo brasileiro a ser construída na zona polar teve um investimento inicial de US$100 milhões e deve ficar pronta em 2018
O projeto da nova Estação Antártica Comandante Ferraz, na zona polar sul do globo, finalmente ganha novos horizontes e passa aos processos iniciais da fase de execução da chamada “pedra fundamental”. Quatro anos após um incêndio devastador que atingiu a primeira base edificada ainda na década de 1980, o governo brasileiro divulga através dos Ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovação, a contratação da obra. A previsão de conclusão da estrutura física é para 2018, por meio do contrato de engenheiros e técnicos da estatal chinesa Ceiec - China Electronics Import and Export Corporation. A demora na consolidação do projeto – que está em andamento desde meados de 2014 – se deu pela dificuldade nas licitações.
Apesar de ser o principal posto brasileiro, a Estação Comandante Ferraz não á única base de atuação no Continente Antártico. Ainda no final do ano passado, foi iniciada a 34ª Operação Antártica (Operantar 34), com a partida no Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha, do Porto do Rio de Janeiro. A distância da base brasileira encontra-se a duas horas e meia de avião no extremo sul do continente americano ou a três dias de barco.
O Operantar é um programa de governo que opera em parceria com vários Ministérios como Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, etc. Em suas expedições são desenvolvidos dezenas de projetos científicos das mais diversas áreas do conhecimento: pesquisas de estudo da biodiversidade e do ecossistema, investigações sobre as alterações climáticas e o impacto da ação humana na região e suas consequências para o planeta como um todo, além do enfoque nas áreas de oceanografia, glaciologia e geologia.
A justificativa da nova construção está relacionada a necessidade de avanços, continuidade e aprofundamento dos trabalhos realizados na região, como também sua relevância no que tange a consolidação da comunidade científica/acadêmica brasileira no âmbito internacional. A química do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, Profa Dra. Rosalinda Carmela Montone, uma das pesquisadoras presentes na expedição, comenta a importância de tais “projetos” e acordos para o desenvolvimento da Ciência: “A questão da Antártica mostra que é um grande desafio para o ser humano aprender a conviver com as diferenças. A criação do Protocolo de Madri [outubro de 1991] mudou a mentalidade de exploração para preservação, o que foi um grande avanço para a humanidade”.
O início das obras, em dezembro passado, recebeu apoio e monitoramento pela Coordenação-Geral de Emergências Ambientais (CGema), equipe especializada do IBAMA, que analisa os programas de gestão de risco e as ações de prevenções de acidentes desde o desastre 2012, que atingiu 70% das instalações e causou contaminação em parte do local pela penetração de óleo no solo. O CGEMA atuará ainda em parceria com a Marinha e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) para prevenir novas tragédias e evitar danos ambientais.
A bióloga Dra em Oceanografia, Mônica A. V. Petti, comenta a necessidade do trabalho “O trabalho do Ibama na base é muito importante para evitar danos ao meio ambiente, por se tratar de uma região de sensibilidade ambiental. Eles estão presentes lá desde o início das operações, nos anos 80 (...), o acompanhamento de início da reconstrução é mais uma etapa de um processo que deve ser contínuo”.
A área construída é de 4,5 mil metros quadrados, e conta com 17 laboratórios, biblioteca, ambulatório e acomodação para 64 pessoas. A Estação será inspirada em seu formato anterior e na mesma localização: no bico da Península Keller, às margens da Baía do Almirantado, situado na Ilha Rei George, 900 quilômetros ao sul da Patagônia.
A estrutura da Base de Estudo deve ser composta por um conjunto de containers reunidos, de modo a formar a sustentação exterior. A produção arquitetônica prevê a criação da “nova casa no Brasil na Antártica”, de modo a dispor “conforto e segurança”, de acordo com site do empreendimento.
Estação Antártica Comandante Ferraz
O posto foi inaugurado em fevereiro de 1984 e recebeu o nome em homenagem ao Capitão Luiz Antônio Ferraz. O maranhense estudou oceanografia na Naval Postgraduate School, nos Estados Unidos e participou das primeiras expedições brasileiras ao Ártico, sendo porta voz na divulgação dos estudos e pesquisas do governo brasileiro em congressos pelo mundo.
Tratato Antártica
O acordo firmado em 1959 colocou fim as disputas territoriais na região e possibilitou que os países suspendessem suas pretensões de posse por período indefinido, permitindo a liberdade de exploração científica do continente dentro de um regime de cooperação internacional.
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